segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Trecho de O Colóquio de Monos e Una - Edgar Allan Poe





Entrementes imensas cidades fumarentas assomaram, inumeráveis. As verdes folhas murcharam sob o hálito quente das fornalhas. O formoso rosto da Natureza foi deformado como pela devastação de alguma repulsiva enfermidade. E parece-me, doce Una, que até mesmo nossa adormecida percepção do forçado e do artificial pode ter nos detido aqui. Mas agora ao que tudo indica operamos nossa própria ruína pela perversão de nosso gosto, ou antes, pelo cego desleixo de seu cultivo nas escolas. Pois, em verdade, era nessa crise que o gosto unicamente - essa faculdade que, detendo uma posição intermediária entre o puro intelecto e o senso moral, jamais poderia, sem risco, ter sido negligenciada - era agora que o gosto unicamente poderia nos ter conduzido nobremente de volta à Beleza, à Natureza, à Vida. Mas ai do puro espírito contemplativo e da intuição majestosa de Platão!

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