sábado, 14 de agosto de 2010

O Jogador - Fiódor Dostoiévski (trecho)



  • "Agora, perguntava-me de novo: amo-a? Ou melhor, respondi-me novamente, pela centésima vez, que a detestava. Sim, odiava-a! Havia momentos (sobretudo depois das nossas conversas) em que teria dado metade da minha vida para estrangula-la! Juro-o. Se tivesse sido possível, ainda há momentos, cravar-lhe no peito um punhal bem afiado, julgo que o teria empenhado de boa vontade."
  • "A situação mais simpática é aquela em que as pessoas não se envergonham umas das outras, mas agem franca e abertamente. E para quê enganar-se? É a mais vã e imprudente das ocupações."
  • "Sabe, por exemplo, que a amo até a demência, permite-me até falar-lhe da minha paixão, e naturalmente, não haveria um meio de expressar mais intensamente o seu desprezo por mim do que com esta permissão de lhe falar do meu amor, sem qualquer obstáculo ou contenção."
  • "Já sabe que me permito dizer tudo e, às vezes, faço perguntas muito francas. Repito sou seu escravo e não se tem vergonha de um escravo: o escravo não pode ofender a ninguém."
  • "Com efeito, ela sabia que eu a amava de verdade; e ela mesma me permitia falar-lhe disso! É verdade que a coisa começara entre nós de modo um tanto estranho. Havia tempo, uns dois meses, começara eu a notar que ela queria fazer-me seu amigo e confidente, e que, em parte, já fazia tentativas nesse sentido. Mas, por um motivo qualquer, isso não prosseguira; pelo contrário, sobrevieram as nossas estranhas relações atuais; por isso mesmo, comecei a falar com ela daquele modo."

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